terça-feira, 30 de julho de 2013

Ele se importa...

Caravaggio


É impressionante, ao analisarmos a vida de Jesus e suas atitudes, o quanto ele se importa conosco. Seu amor é tão grande que por vezes nos constrange. A este respeito, estive refletindo sobre a incredulidade de Tomé. Lendo o relato de João 20, muito me impressiona a paciência, o amor e a atenção que Jesus deu a um homem incrédulo como Tomé, que veio a tornar-se para o mundo em geral o sinônimo da incredulidade e da descrença.

Todos estavam reunidos e Jesus aparece diante dos discípulos. Mas, onde estava Tomé!? “Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio JesusTodos os presentes viram a Jesus e se alegraram. Quando se encontraram com Tomé, os demais discípulos relatam a ele a experiência que tiveram ao verem Jesus. Ele está vivo! Ele está vivo! Mergulhado em sua incredulidade, Tomé se recusa a crer na ressurreição do Salvador e faz a seguinte afirmação: “Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos, e não puser o meu dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei” (João 20:25)". Na verdade, Tomé foi o único que exigiu provas materiais da ressurreição de Jesus.

Enfim, Tomé dúvida e questiona a ressurreição de Jesus. E oito dias depois, Jesus novamente aparece aos discípulos. Desta vez, Tomé estava presente. Jesus poderia muito bem ignorar a Tomé, lançando em seu rosto a sua incredulidade. Poderia ter lhe dado aquela bronca, poderia tê-lo humilhado diante de todos. Jesus poderia marcá-lo com X e ter dito: “Não quero conversa com este incrédulo!", como muitos de nós fazemos quando alguém nos decepciona. Mas Jesus, voltando-se para Tomé, diz com extremo amor: " Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente " (João 20:27) Tomé, meio que tonto, anestesiado, envergonhado, constrangido, faz a seguinte declaração: "Senhor meu, e Deus meu!". Ele então reconhece que o Senhor Jesus era mais do que um simples homem: era Deus. Francamente, o Senhor precisava provar alguma coisa a alguém?! Obviamente que não!

Penso que é necessário que haja em nós este mesmo sentimento, esta paciência, este amor. Jesus não desprezou os questionamentos de Tomé, assim como não desprezou a Pedro, que o negou. Jesus conhecia o coração de Tomé, sabia da sua sede em conhecê-lo.

Disse-lhe Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais; como saber o caminho? Respondeu Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim” (João 14:15,16).

Tomé, na verdade, era um investigador sincero e, além disso, era um homem cheio de coragem. Vejamos uma de suas declarações quando os demais discípulos demonstraram medo de serem apedrejados ao retornarem para a Judéia com Jesus, quando da ressurreição de Lázaro.  “Então, Tomé, chamado Dídimo, disse aos condiscípulos: vamos também nós para morrermos com Ele” (João 11:16). Além disso, convém salientar que enquanto os discípulos estavam trancados, com medo, Tomé não estava entre eles, deixando transparecer a sua coragem e ousadia.

"Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco...Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus" (João 20:19,24)

Na verdade, Tomé ao longo de sua caminhada como discípulo de Jesus foi construindo uma história e num momento de fraqueza, o Mestre o amou e se importou com ele.

Toda vez que leio este texto me emociono, pois em meu coração surge a certeza de que Jesus jamais me abandonará. Ele se importa comigo! Ele entende, até mesmo, a nossa incredulidade! Ele não me exclui! Ele é amor!

É realmente maravilhoso saber que Jesus se importa conosco e compreende os nossos momentos, as nossas crises. Ele conhece o nosso coração e sempre buscará se revelar a cada um de nós, resgatando e restaurando a nossa fé, revelando a sua grandeza, o seu poder de ressurreição. 

Pra. Ioná Loureiro

Obs. Após a ressurreição de Jesus, Tomé evangelizou a Pátria e, pela tradição cristã posterior, estendeu seu apostolado à Pérsia e Índia. Consta que foi martirizado e morto pelo rei de Milapura, na cidade indiana Madras.



Pra. Ioná Loureiro