quinta-feira, 8 de novembro de 2007

OS FALSOS JUÍZES



OS FALSOS JUÍZES

Um dia desses estava lendo uma entrevista com o ator Raul Gazola. Aquele ator que foi duramente criticado pela mídia e pela sociedade por ter cuspido no rosto de uma adolescente depois de uma discussão no trânsito. A jovem estava atravessando a rua na frente do Colégio em que estudava. Como usava um fone de ouvido, o ator buzinou para que ficasse atenta ao trânsito e ela fez o gesto obsceno de erguer o dedo. O ator decidiu perguntar por que ela fez aquilo e ouviu a seguinte resposta: “- Porque eu quis!”. O sangue então subiu-lhe à cabeça e num ímpeto de fúria, o ator acabou cuspindo-lhe no rosto. E no dia seguinte do fato ocorrido, todos criticaram a sua atitude, achando um absurdo o que tinha feito. - Como pode um ator fazer uma coisa dessas? Que falta de educação? Que descontrole emocional? Que absurdo?

Em entrevista à VEJA, Raul reconheceu o seu erro, afirmando que se arrepende do que fez. E quando perguntaram se ele tinha pensando no que tinha feito, ele respondeu: - É claro que não! Se tivesse pensando, jamais teria feito o que fiz. Até eu estou chocado com a minha atitude.

Percebemos, assim, que muitos juízes se levantaram para julgar as atitudes do ator. Na verdade, boa parte dos seres humanos sente prazer em julgar o seu próximo, em apontar-lhe as falhas. São os falsos juízes, pois não possuem autenticidade para julgar já que julgam os outros e se esquecem de julgar os seus próprios erros. Jesus conhecia bem este detalhe da personalidade humana “E porque vês o argueiro no olho do teu irmão, e não reparas na trave que está no teu olho” (Mt. 7:03). Não quero aqui defender ou declarar que aprovo a atitude do ator em questão, nem muito menos sou uma de suas fãs. Simplesmente busco, através de sua experiência, salientar que todos somos passíveis de erros e muitas vezes temos reações que nos surpreendem, especialmente por sermos seres emocionais. Talvez você diga assim: -Ah! Mas ele não é evangélico?! Ocorre, entretanto, que até mesmo pessoas que conhecem ao Senhor são passíveis de erro e de reações inesperadas. E quando erram, lamentavelmente, ao invés de serem exortadas em amor, são, em sua maioria, condenadas, tendo a sua nudez exposta em plena luz do dia. Ou seja, os falsos juízes prontamente se levantam para julgar. Cabe salientar que o fato de conhecermos ao Senhor, não nos torna perfeitos. Estamos, na verdade, buscando a perfeição. Afinal de contas, Jesus não veio para os justos e sim para os pecadores, a fim de transformá-los “Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Não vim chamar os justos, vim chamar os pecadores, para que se arrependam” (Lucas 5:31,32).

Creio que é momento de refletirmos e pararmos de julgar aqueles que infelizmente erraram, seja qual for o motivo. Creio que devemos olhar para nossas próprias atitudes ao invés de julgamos as pessoas a nossa volta. Como disse o Apóstolo Paulo “nada julgueis antes do tempo, até que venha o Senhor, o qual não só trará à luz as coisas ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações; e então cada um receberá de Deus o seu louvor” (I Cor. 4:05). Ou seja, não temos o direito de julgar a ninguém. Deixemos de lado o ofício de falsos juízes e a velha mania de querer atirar pedras em nosso próximo. Não nos esqueçamos que enquanto julgamos os outros, esquecemos de julgar os nossos próprios erros.

“Ora, Moisés nos ordena na lei que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes? Isto diziam eles, tentando-o, para terem de que o acusar. Jesus, porém, inclinando-se, começou a escrever no chão com o dedo. Mas, como insistissem em perguntar-lhe, ergueu-se e disse- lhes: Aquele dentre vós que está sem pecado seja o primeiro que lhe atire uma pedra”
(João 8:5-7)

Ioná Loureiro

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