sexta-feira, 21 de maio de 2010

BULLYING - UM GIGANTE A SER VENCIDO


Ninguém gosta de ser afrontado ou virar motivo de chacota do meio da turma. Mas a grande verdade é que nem sempre dá para fugir de situações desagradáveis como estas. Os zoadores e os agressores estão sempre de plantão. Vivemos em uma sociedade onde o ser humano, ainda na tenra infância, sente prazer em agredir o seu próximo com palavras e atitudes. Todos lembramos de momentos em nossa infância e juventude em que fomos massacrados por colegas de classe, que com brincadeiras e comentários de mal gosto, nos tornavam indefesos, tristes e muitas vezes acuados.



Os tempos passaram e este tipo de agressão ganhou um novo nome - “bullying”, uma palavra de origem inglesa que define todas as atitudes agressivas, intencionais e repetitivas adotadas por uma pessoa ou um grupo contra outro (s) causando dor, angústia e sofrimento. Ou seja, uma nova expressão foi criada para identificar tais atos de violência quando crianças agridem verbalmente, fisicamente e psicologicamente seus colegas, especialmente aqueles que são incapazes de se defender. É a típica gozação muito conhecida de todos. Algo que se tornou comum e, ao mesmo tempo, extremamente nocivo aos nossos jovens e crianças, especialmente porque palavras e atitudes com tom pejorativo e agressivo não passam de maldições lançadas na mente daqueles que, infelizmente, não sabem ou não tem força para se defender. E o “bullying” funciona justamente desta forma. São como gigantes que se levantam para afrontar o mais frágil e indefeso. Interessante notar que na maioria das vezes, o “bullying” começa na Escola, local onde os jovens e crianças passam a maior parte do dia convivendo com pessoas das mais variadas personalidades. Ou seja, em meio a um ambiente repleto de meninos e meninas criados em ambientes diferentes, surgem aqueles que têm o prazer de humilhar e abater os mais fracos. E daí surgem as agressões, as brincadeiras de mal gosto e em alguns casos, a violência física, que podem, inclusive, levar à morte em casos muitos sérios. E neste ambiente hostil, são geradas marcas e cicatrizes que podem inibir o futuro de grandes sonhadores.


Qual seria a receita para derrubar este gigante? Penso que a família tem um grande papel na vida de crianças e jovens que são vítimas desta brincadeira de mal gosto. O caminho não é ir à escola buscando defendê-los de seus agressores, numa atitude super-protetora. O segredo é justamente ensiná-los a vencer as afrontas, fazendo com que superem as violências sofridas, fazendo com que descubram a força, a beleza e a ousadia que carregam dentro de si. E como os pais podem ajudar neste sentido?


Penso que o primeiro passo é justamente o diálogo. Os pais necessitam manter um diálogo com seus filhos, buscando conhecer os seus corações. Às vezes, o filho está sendo vítima de “bullying” e os pais não tem conhecimento deste fato, pois sempre estão distantes, ausentes ou muito ocupados. Os afazeres e as preocupações do dia-a-dia não permitem que mantenham este diálogo com os seus filhos. Por este motivo, é muito importante que os pais perguntem a seus filhos como o foi o dia escola, devem observar, inclusive, o seu desempenho escolar, pois o baixo aproveitamento escolar pode ser indício de agressões. Devem observar, inclusive, se a criança demonstrar prazer em ir à escola, pois a falta de interesse também sinaliza o existência de ataques de “bullying”.


Uma outra questão extremamente importante é ensinar o filho a enfrentar os seus medos, pois em se tratando de “bullying”, tudo é motivo para ataque, desde que a criança ou o jovem que são agredidos “entrem no jogo”, demonstrando medo. Por esta razão, é essencial que disciplinemos os nossos filhos a serem corajosos, enfrentando as situações adversas. Somos feitos à imagem e semelhança de Deus e há em nós uma força que muitas vezes desconhecemos. Precisamos revelar aos nossos filhos esta verdade. Precisamos mostrar a eles que não devem se curvar diante do agressor. Precisamos ensinar-lhe a Palavra de Deus, dando exemplos, revelando a trajetórias dos grandes heróis da fé, homens que eram sujeitos às mesmas paixões que nós e que conseguiram fechar a boca de leões, derrubar gigantes, destruir grandes inimigos, enfim, homens que não se intimidaram, que não se renderam. Precisamos, inclusive, ensinar-lhe a aceitar e conviver com detalhes do seu esteriótipo, de sua imagem, pois é comum que as crianças que tenham um traço peculiar, sejam alvos de ataques de “bullying”, tais como, nariz grande, excesso de peso, orelhas desproporcionais ao corpo, etc. Também é muito construtivo que os pais compartilhem com os seus filhos as suas histórias de vidas, os seus medos e até mesmo os seus fracassos, revelando-lhes que todos passamos por adversidades mas que podemos e devemos vencê-las. Este tipo de diálogo os torna fortes e conscientes de que nem tudo é fácil em nossas vidas. Com esta consciência eles serão capazes de vencer as críticas, as agressões e a violência vividas na Escola.

Um outro fator de grande relevância é desenvolver nos filhos a sociabilidade, incentivando-os a terem amigos, isto porque geralmente aqueles que andam sozinhos são os alvos mais fáceis do “bullying”, pois como nos alerta a Palavra de Deus, é melhor serem dois do que um. Porque se um cair, o outro levanta o seu companheiro (Eclesiastes 4:09,11). Portanto, os pais devem incentivar os seus filhos terem amigos e a não andarem sozinhos. Devem incentivá-los a firmar laços de amizade, seja na Escola, na Igreja, na vizinhança, enfim, eles devem ser ensinados a não serem pessoas solitárias. Lamentavelmente, temos percebido que o ser-humano tem se isolado, especialmente em virtude do avanço tecnológico. No caso dos jovens e das crianças, vemos que com o uso do vídeo-game e a da internet, é comum que tenham a tendência a se trancarem em seus quartos, vivendo sozinhos em seu mundo virtual. E quando chegam lá fora, no mundo real, não conseguem se adaptar a ele, pois estão acostumadas a viverem só. Por este razão, é importante que desde pequenos ensinemos aos nossos filhos a se relacionarem com o seu próximo para que se tornam mais fortes.


E por fim, é necessário que desenvolvamos a auto-estima em nossos filhos, avaliando e trabalhando a imagem que fazem de si mesmo. Os alvos do “bullying” são geralmente aqueles que não fazem uma avaliação positiva de si mesmos, pois ao serem alvos de críticas, palavras pejorativas, as tornam reais em suas mentes. Ou seja, se sentem acuadas quando agredidas, especialmente porque se enxergam como fracos e indefesos diante dos ataques. Entretanto, quando os pais trabalham a auto-estima em seus filhos, reforçando-lhes a auto-imagem, os seus atributos, seus traços fortes, característicos de sua personalidade, eles conseguem superar com mais facilidade as zoações e as brincadeiras de mal gosto, pois passam a ter uma personalidade forte e destemida.

O “bullying” nada mais é do que mais uma forma que as forças das trevas tem utilizado para oprimir as nossas crianças e jovens, para descaracterizá-las e deixar marcas profundas em suas vidas, fazendo com que cresçam com grandes deformações, com grandes traumas. E nós precisamos estar atentos neste sentido, buscando ajudar aos nossos filhos a vencer este mal. Não podemos ser omissos. É preciso que estejamos ao lado de nossos filhos, dando-lhes suporte, apoio e carinho, estando próximos a eles, nos envolvendo com os seus desafios diários, pois muitas vezes algo que soa insignificante para nós, como o “bullying”, por exemplo, é algo aterrorizante em suas mentes e em seus corações. Algo que pode destruir a sua felicidade e a sua paz. Estejamos alertas.


Pra. Ioná Loureiro

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